Leucemia

1- O QUE É A LEUCEMIA AGUDA (LA)?

A palavra “leucemia” vem do grego e é composta por «leuco» que significa branco e «heme» que significa sangue. Isto deve-se a que primitivamente se constatou que o sangue que tinha muitos glóbulos brancos, quando repousava num tubo, ficava com uma camada branca.

Existem dois grupos de leucemias: as agudas e as crónicas. Cada um destes tem vários subtipos. Neste prospecto falaremos apenas da Leucemia Aguda (LA).

A LA é uma doença maligna da medula em que células mais jovens se acumulam na medula óssea, que é o seu local de produção, sem que amadureçam normalmente. Esta acumulação de células jovens impede o crescimento das outras células normais, que são os eritrócitos ou glóbulos vermelhos, os leucócitos ou glóbulos brancos e as plaquetas. Assim, a diminuição dos glóbulos vermelhos vai manifestar-se por anemia, a dos glóbulos brancos por infecções (são estes que nos defendem das infecções) e a baixa das plaquetas vai manifestar-se por hemorragias, uma vez que estas são indispensáveis no processo da coagulação.

Não existe um único tipo de Leucemia Aguda, mas vários. Fundamentalmente existem dois grandes grupos: A Leucemia Mieloblástica Aguda (LMA) e a Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA). Cada uma destas tem vários subtipos, do que resulta que existem mais de uma dúzia de formas de apresentação da Leucemia Aguda.

A mais frequente é a Leucemia Mieloblástica Aguda, que é mais habitual no adulto, enquanto a Linfoblástica Aguda é mais frequente nas crianças e jovens.

A Leucemia Aguda, como o nome indica, aparece subitamente e a sua evolução é muito rápida e mortal, se não for tratada. É portanto muito importante que o diagnóstico seja feito rapidamente e iniciado o tratamento precocemente. Este consiste inicialmente em quimioterapia. Os tratamentos são diferentes, de acordo com a doença. Nem todos os doentes necessitam de transplante de medula, ficando alguns doentes curados apenas com quimioterapia.

2- A LEUCEMIA AGUDA PODE SER EVITADA?

Têm sido identificados alguns factores, como a exposição a radiações, em que a percentagem de doentes com leucemia aumenta, como aconteceu em Hiroshima ou em Chernobyl. Contudo, na maior parte dos casos, não é possível identificar uma causa. O que é claro é que a Leucemia Aguda não é uma doença contagiosa. Embora se tenha provado uma relação entre vírus e leucemias em animais de laboratório, isso nunca foi provado nos humanos.Quando se recomenda que as pessoas com LA, em tratamento, não recebam muitas visitas, o que se pretende é evitar contágios de doenças transmitidas pelas chamadas pessoas saudáveis. Nesta fase os doentes estão mais vulneráveis a infecções.

3- LEUCEMIA: QUAIS OS SINTOMAS DE ALERTA?

Como todas as células do sangue, as células da leucemia percorrem todo o corpo. Dependendo do número de células tumorais, e do local onde estas células se depositam, uma pessoa com leucemia pode apresentar sintomas variados.Os sintomas comuns de leucemia, incluem:
Febre e suores nocturnos.

Infecções frequentes.

Sensação de fraqueza ou cansaço.

Dor de cabeça.

Sangrar e fazer nódoas negras (hematomas) facilmente: gengivas que sangram, manchas arroxeadas na pele, ou pequenas pintas vermelhas sob a pele.

Dor nos ossos e articulações.

Inchaço ou desconforto no abdómen (em consequência do aumento do baço).

Gânglios inchados, especialmente os do pescoço e das axilas.

Perda de peso.

Estes sintomas não são necessariamente sinónimos de leucemia. Uma infecção, ou qualquer outro problema, também pode causar estes sintomas. Se apresenta estes sintomas, deve consultar o médico, logo que possível. Só o médico pode diagnosticar e tratar o problema.Nas fases iniciais da leucemia crónica, as células tumorais funcionam quase normalmente. Os sintomas podem não aparecer, durante muito tempo. Muitas vezes, o médico descobre a leucemia crónica durante um exame de rotina, isto é, antes de existirem quaisquer sintomas. Quando surgem os sintomas, estes são geralmente ligeiros, no início, e vão piorando, gradualmente.Na leucemia aguda, os sintomas surgem e pioram rapidamente. A pessoa vai ao médico porque se sente doente. Outros sintomas da leucemia aguda são vómitos, confusão, perda do controlo muscular e convulsões. As células tumorais podem, ainda, depositar-se nos testículos, provocando inchaço. Algumas pessoas também desenvolvem feridas nos olhos ou na pele. A leucemia também pode afectar o aparelho digestivo, os rins, os pulmões ou outras partes do corpo.Fonte: www.infocancro.com

4– COMO É TRATADA A LEUCEMIA AGUDA?

A Leucemia Aguda é uma doença potencialmente curável. O tratamento inicial consiste em quimioterapia, pretendendo-se nessa fase que o doente obtenha uma Remissão Completa, isto é, o desaparecimento das células jovens que invadiram a medula óssea e a normalização das análises. Posteriormente há que continuar os tratamentos de forma a consolidar essa remissão e a evitar que a doença recaia, isto é, surja novamente. Esses tratamentos de consolidação consistem em novos ciclos de quimioterapia. No total são vários os meses de tratamento em que o doente não estará em condições de retomar a sua actividade.Alguns doentes ficam curados só com a quimioterapia. Por vezes, habitualmente na recaída e após ter obtido nova remissão é necessário realizar um transplante de medula ou de células jovens hematopoiéticas pluripotenciais, que são as que vão dar origem a todas as outras.

5- QUEM TRATA LEUCEMIAS AGUDAS?

As Leucemias Agudas são tratadas por Hematologistas, que são médicos que se dedicam ao diagnóstico e tratamento das doenças do sangue. Um grupo destes hematologistas dedica-se apenas a tratar os doentes que necessitam de transplantação.

6– O QUE ESPERAR DURANTE O INTERNAMENTO?

O internamento, tanto no início para o tratamento das Leucemias Agudas com quimioterapia, como o internamento para Transplante é um internamento prolongado que pode durar um mês ou mais. Nas situações de autotransplante, isto é, quando o doente recebe a sua própria medula, o internamento pode ser mais curto. Tudo depende da evolução e do aparecimento ou não de infecções ou outras complicações.

De um modo geral os tratamentos não variam muito de serviço para serviço. Em comum, e porque isso preocupa as pessoas, todos provocam a queda do cabelo, a chamada alopecia. No entanto, esse aspecto é transitório e cerca de três meses após a suspensão dos tratamentos surge já a primeira cabeleira, ainda fina e sedosa, mas que posteriormente irá tomar um aspecto normal.

Estes períodos são momentos difíceis para o doente, uma vez que vai ficar fragilizado, especialmente quando necessitar de estar isolado. É importante que a família e os amigos dêem o seu apoio nesta fase. Este apoio deve ser adequado ao desejo e necessidades do doente, mas por vezes um simples telefonema pode ajudar a levantar o ânimo.

7– O QUE É UM TRANSPLANTE?

O transplante de medula ou de células pluripotenciais hematopoiéticas do sangue periférico, é um processo que permite administrar dose mais altas de quimioterapia, aumentando as percentagens de cura completa da Leucemia. Na prática traduz-se pela infusão, semelhante a uma transfusão de sangue, de células progenitoras, extraídas da medula no primeiro caso, ou do sangue periférico no segundo Como já dissemos, não têm indicação em todos os casos. Antes de receber essas células há que fazer quimioterapia com altas doses ou eventualmente radioterapia, para destruir as células malignas. Só depois o doente fica em condições de receber essas células transplantadas, de forma a produzir células sanguíneas saudáveis.

Os transplantes têm riscos, podendo surgir sérias complicações, mas para alguns doentes é a única possibilidade de obterem um remissão duradoura.

8– QUAIS OS TIPOS DE TRANSPLANTE?

As células usadas podem ser do próprio, o chamado autotransplante ou transplante autólogo ou de um dador, sendo então designado alotransplante ou transplante alogénico (“alo” vem do grego «állos» e significa outro).Os autotransplantes são feitos quando os doentes estão em remissão, ou seja, quando não têm células malignas na medula. Nos alotransplantes as células utilizadas são de familiares próximos, geralmente irmã ou irmão. Quando não existem, ou não são compatíveis, é necessário procurar um dador. É por isso que é necessário ter dadores para administrar essas células em casos de não remissão ou de incompatibilidade familiar.

A - MEDULAA chamada transplantação de medula, consiste na administração de células hematopoiéticas pluripotenciais, colhidas da medula. Após a sua administração, estas células vão depois para a medula do receptor de modo a criarem novas células da série sanguínea saudáveis. Quanto mais o dador for compatível com o receptor (o doente) tanto mais aumentam as probabilidades de sucesso da transplantação.

B - CÉLULAS PLURIPOTENCIAIS DO SANGUENormalmente as células pluripotenciais estão na medula óssea, enquanto que em circulação existe uma quantidade limitada. É contudo possível estimular o desenvolvimento dessas células e a sua libertação para o sangue, usando estimulação com factores de crescimento granulocitários. Segue-se depois a aférese ou recolha e separação dessas células. Estas são em seguida congeladas até serem necessárias.Presentemente são as células pluripotenciais do sangue periférico que são mais utilizadas na transplantação,

C - CÉLULAS DO CORDÃO UMBILICAL: Pode-se obter sangue do cordão umbilical e da placenta de um recém-nascido, por decisão dos pais. Este sangue tem uma alta percentagem de células hematopoiéticas pluripotenciais e pode ser armazenado para posterior transplante, em casos de leucemia, linfomas e outros. Tal como nos outros casos, podem ser usados em familiares ou noutros doentes compatíveis.

9- QUAIS OS CUIDADOS ALIMENTARES A TER?

Uma dieta neutropénica tem como objectivo reduzir significativamente o número de bactérias e outros microorganismos que poderão ser encontrados em alguns alimentos e assim proteger o doente de possíveis infecções.É recomendada, sempre que um doente apresenta o sistema imunitário enfraquecido como consequência da própria doença ou após certos regimes de quimioterapia e que condicionam uma diminuição do número absoluto de Neutrófilos para valores inferiores a 500 por mm3 (0,5 G/L).Doentes que foram sujeitos a transplante autólogo de células progenitoras hematopoiéticas (auto transplante de medula óssea), seguem normalmente este tipo de dieta, quer durante a quimioterapia pré-transplante quer durante os 3 meses ou mais após o tratamento citostático. Os doentes submetidos a alotransplante muitas vezes terão que seguir as recomendações da dieta neutropénica durante mais tempo até que os medicamentos imunossupressores possam ser reduzidos/suspensos.Existem ainda, casos especiais em que a alimentação passa por um processo de esterilização para garantir a destruição de qualquer gérmen que possa ter contaminado os alimentos durante ou após a sua preparação.Deverá sempre esclarecer as suas dúvidas com a equipa médica que o/a segue regularmente.

10- QUE PRINCÍPIOS A OBSERVAR COM A DIETA?

Evitar todos os vegetais e frutos não cozinhados. Sumos pasteurizados, fruta enlatada e vegetais cozidos são permitidos;

Não é permitida a ingestão de carne, peixe ou ovos cozinhados de forma incompleta (“mal-passados”). Os ovos deverão ser completamente cozidos/fritos desaconselhando-se a ingestão da gema crua;

Evitar nozes e outros frutos secos não cozinhados. Não está contra-indicado o seu consumo em alimentos já cozinhados (bolos por exemplo);

Todos os lacticínios terão obrigatoriamente que ter sido previamente pasteurizados;

Não ingerir iogurtes e derivados com microorganismos vivos (iogurtes bio-activos) e todo o tipo de bolos com creme;

Evitar a ingestão de alimentos em locais onde não se tem a certeza absoluta do seu correcto manuseamento/cozedura;

Ingerir água engarrafada; caso a água provenha de poços, deverá fervê-la previamente durante 1 minuto.

11- COMO PREPARAR OS ALIMENTOS PARA DOENTES NEUTROPÉNICOS?

Lavar sempre bem as mãos antes e depois de manusear alimentos;

Lavar todos os utensílios/superfícies que interagem com os alimentos com muita atenção;

Após preparação de carne ou peixe lavar a superfície com uma mistura contendo uma parte de lixívia em nove partes de água;

Quando estiver a preparar os alimentos deve mantê-los afastados dos cabelos, da boca e do nariz. Remover, se possível, os anéis das mãos;

Lavar a loiça com água quente e detergente e posteriormente deixá-la secar ao ar (não usar pano) ou então lavada e seca na máquina lava-loiça num ciclo com água quente;

Lavar o frigorífico regularmente;

Após a abertura da embalagem de um alimento consumi-lo rapidamente. Deitar fora toda a comida que tenha mais de 2-3 dias;

Eliminar possíveis contactos entre comida cozinhada e crua;

Manter os alimentos frios sempre frios, os congelados sem descongelar e os quentes sem arrefecer;

Descongelar os alimentos no frigorífico.

12- ONDE POSSO PROCURAR APOIO?

APCL – ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA CONTRA A LEUCEMIAR. Prof. Carlos Alberto da Mota Pinto, 17 - 9ºEdifício Amoreiras Square1070-313 Lisboa Tel: +351 213 422 204/05 Telemóvel: +351 913 461 547 Fax: 21 342 2206
E-mail: apc.leucemia@mail.telepac.pt
Site: www.apcl.pt

13- QUE TIPOS DE APOIOS PODE UM DOENTE COM LEUCEMIA ENCONTRAR?

Logo após o diagnóstico e antes do internamento hospitalar convém agendar uma reunião com a Assistente Social da unidade de saúde, que poderá esclarecer sobre o conjunto de “benefícios” definidos pelo estado.Isenções Fiscais – IRS, Imposto de Circulação Automóvel, …Banca – Bonificações nas taxas dos empréstimos bancários (habitação,…)Saúde – Isenção das taxas moderadoras; pagamento de transporte para os tratamentos ou consultas médicas, fornecimento gratuito de alguns medicamentos.Se é beneficiário da Segurança Social: Atribuição do Subsídio de Doença; Abonos especiais para os pais das crianças e jovens transplantadas; Pensão por Invalidez e Complemento por Dependência.Se não é beneficiário da segurança social e não tem rendimentos: Rendimento Mínimo Garantido/ Rendimento de Inserção Social; Pensão Social por Invalidez e Complemento por Dependência.

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