Gripe

Causas


A gripe é provocada por um vírus do qual se conhecem três tipos principais, denominados A, B e C, que originam, por sua vez, diversos subtipos ou variedades. O contágio produz-se por inalação das reduzidas gotas de saliva contaminadas, suspensas no ar depois de expelidas pelos indivíduos afectados ao espirrarem, tossirem ou falarem. O perigo de contágio é muito maior quando se permanece próximo de uma pessoa afectada, já que as gotas microscópicas contaminadas podem ser arrastadas por correntes de ar ao longo do interior de uma mesma divisão ou até de uma divisão para outra, o que justifica o facto de se produzirem, com muita frequência, episódios epidémicos de gripe em locais onde convive e circula muita gente, como os edificios públicos.


Incidência


A incidência da gripe é muito elevada: segundo dados estatísticos, esta doença afecta, por ano, mais de 20% da população. Embora possa surgir a qualquer momento do ano, o problema é muito mais frequente no Inverno e nas regiões frias, visto que as baixas temperaturas dificultam as defesas naturais das mucosas das vias respiratórias, o que favorece o estabelecimento e o desenvolvimento dos vírus responsáveis pela doença.


Por outro lado, a prevalência e incidência da gripe estão intimamente relacionadas com o tipo de vírus que provoca a doença. De facto, é preciso referir que a estrutura dos vírus responsáveis sofre constantes modificações - embora sejam alterações mínimas, são suficientes para que se produzam variações das suas caracteristicas antigénicas. No fundo, esta é uma estratégia que estes microorganismos adoptam, com o objectivo de se adaptarem melhor ao meio e ludibriarem o sistema defensivo do organismo humano. Embora a transmissão da doença acarrete a produção de uma imunidade contra o tipo de vírus que a provocou, as defesas geradas são muito pouco eficazes ou nulas perante um novo contacto com um vírus da gripe de outro tipo ou do mesmo, mas modificado. Esta contínua alteração das características estruturais proporciona a existência de inúmeras variedades de vírus, mas é possível diferenciar três tipos - o A, o B e o C- que são, por sua vez, classificados em inúmeros subtipos e variedades, conforme o ano e o lugar onde são detectados e identificados pela primeira vez.


De um ponto de vista epidemiológico, esta classificação é muito importante, já que cada tipo de vírus da gripe tem características relativamente específicas em relação à sua capacidade de transmissão. Por outro lado, a identificação dos subtipos possibilita a produção de vacinas eficazes e a análise do trajecto geográfico da sua disseminação.


Dado que o vírus da gripe tipo A é o que sofre mais alterações, costuma provocar epidemias que, de um a quatro anos, afectam uma elevada percentagem da população de uma determinada zona geográfica. Para além disso, ao fim de seis a dez anos, pode originar uma pandemia que se alastra ao longo de vários países ou até através de continentes inteiros. O vírus da gripe tipo B é menos variável e costuma provocar episódios epidémicos mais circunscritos (por exemplo, em escolas ou quartéis), aproximadamente de cinco em cinco anos. Por último, o vírus da gripe tipo C, o mais estável, costuma provocar a doença de forma esporádica e, normalmente, não provoca episódios epidémicos significativos.


Manifestações e evolução


O período de incubação da gripe compreende um a três dias após o momento do contágio. As manifestações costumam surgir de forma brusca, normalmente ao fim de cerca de duas horas, embora a evolução da doença varie de pessoa para pessoa. Um dos sintomas mais comuns é a dor de cabeça, localizada preferencialmente na zona frontal e por trás dos globos oculares. A gripe evidencia-se igualmente através de uma típica sensação de prostração e dor muscular e articular, sobretudo na região dos membros e na zona lombar. A febre manifesta-se, logo desde o início, através de um súbito aumento da temperatura do corpo, que frequentemente ultrapassa os 40°C, sobretudo nas crianças, acompanhada alternadamente por intensos arrepios e suores. Outros sinais e sintomas comuns são vermelhidão da conjuntiva e sensação de ardor nos olhos, lacrimejar e fotofobia , espirros e secreções nasais, dor de garganta e tosse seca sem expectoração, quase sempre acompanhada por dores no tórax. Por fim, em alguns casos evidenciam-se igualmente alguns sinais e sintomas digestivos, em particular falta de apetite, vómitos e obstipação ou diarreia.


A predominância de alguns sintomas sobre outros depende essencialmente do tipo de vírus da gripe causador da doença. Os vírus da gripe tipos A e B provocam uma doença mais intensa, enquanto que o tipo C origina um problema mais ligeiro, semelhante a uma constipação. Para além disso, os sinais e sintomas dependem igualmente da idade, estado físico e outras características do indivíduo afectado. Nas crianças, por vezes, os sinais e sintomas de infecção respiratória podem ser diferentes dos verificados nos adultos.


Complicações


Embora a gripe tenha a tendência para desaparecer uma semana após o início da doença, sem originar grandes problemas, por vezes, podem surgir possíveis complicações. A maioria destas complicações é provocada pela propagação da infecção virai a vários órgãos ou a uma sobreinfecção por vários tipos de bactérias.


As complicações mais frequentes, felizmente, não são graves. Por exemplo, a otite média, ou seja, a inflamação do ouvido médio, manifesta-se essencialmente através de dores no ouvido e diminuição da capacidade auditiva. Um outro exemplo corresponde à sinusite, uma inflamação dos seios perinasais que, embora inicialmente costume passar despercebida, acaba por mais tarde ou mais cedo provocar sensação de debilidade ou dor na zona que rodeia o nariz e por trás dos olhos.


As complicações mais graves apenas costumam manifestar-se quando o problema é provocado pelo vírus da gripe A, o mais virulento ou agressivo, e quando o organismo do paciente não é capaz de responder eficazmente à infecção. Na prática, estas complicações graves costumam afectar os bebés com menos de 1 ano de idade, idosos, mulheres grávidas, indivíduos mal nutridos ou com as defesas debilitadas e pessoas afectadas por insuficiência cardíaca, insuficiência renal, asma, bronquite crónica e enfisema pulmonar.


A complicação grave mais frequente é a pneumonia, ou seja, a infecção e inflamação do tecido pulmonar, um problema que se pode desenvolver ao longo da gripe ou até após o início do período de convalescença. A pneumonia manifesta-se através de uma subida da temperatura do corpo, sensação de falta de ar e dificuldade em respirar, dor forte no tórax, tosse com expectoração purulenta, eventualmente hemoptóica, e nos casos graves uma coloração azulada da pele (cianose), que evidencia o défice de oxigenação do sangue. No entanto, a pneumonia costuma evoluir de forma favorável, já que na maioria dos casos, sobretudo se se proceder ao tratamento oportuno, desaparece ao firn alguns dias. Todavia, em algumas situações, mesmo com a realização do tratamento, não se consegue obter a recuperação do paciente. De facto, a pneumonia é a complicação da gripe que origina uma maior mortalidade.


Uma outra complicação muito grave, embora menos frequente, é a encefalite que se manifesta através da perda progressiva da consciência que, nos casos mais graves, pode conduzir ao estado de coma,


Tratamento


Dado que, infelizmente, ainda não existem medicamentos que actuem especificamente contra os vírus da gripe, o tratamento visa aliviar os sinais e sintomas e prevenir as complicações. Basicamente, o tratamento consiste em bastante repouso, ingestão de abundantes quantidades de líquidos (sobretudo água, chá fraco e sumos de frutas) e uma dieta ligeira, mas equilibrada, durante o tempo em que os sinais e sintomas persistirem. Ao longo deste período de tempo, convém procurar que o paciente permaneça convenientemente abrigado e que não se exponha a descidas bruscas da temperatura ambiente e que o seu meio se mantenha quente e húmido: por exemplo, ao colocar um recipiente com água quente ou em ebulição constante no quarto, já que dessa forma se consegue suavizar a tosse e facilitar a expulsão das secreções.


Ao mesmo tempo, se se considerar necessário, pode-se administrar medicamentos antipiréticos, de modo a reduzir a temperatura do corpo. Segundo esta perspectiva, convém ter em conta que não se deve administrar ácido acetilsalicílico nos bebés com menos de 1 ano de idade, pois caso estejam infectados por um vírus do tipo B poderão desenvolver, por motivos desconhecidos, um grave quadro patológico com inúmeras manifestações conhecidas como síndrome de Reye, tão grave que pode colocar a vida em perigo.


Em relação aos antibióticos, é importante não esquecer que, como estes medicamentos apenas são eficazes contra as bactérias, sendo inúteis contra os vírus, devem ser reservados para tratar complicações de origem bacteriana ou como prevenção nas pessoas com especial predisposição para serem afectadas pelas mesmas.


Por fim, embora actualmente não existam medicamentos específicos contra os vírus da gripe, por vezes, sobretudo em pacientes imunodeprimidos, deve-se administrar vários medicamentos antivirais que demonstraram gerar algum efeito benéfico nestes casos.

Fonte: Medipédia

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