Restauradas pela primeira vez funções de fígado prejudicadas pela velhice

"Investigadores norte-americanos conseguiram pela primeira vez corrigir o declínio nas funções de um órgão devido ao envelhecimento, ao restabelecer uma melhor capacidade de eliminar as proteínas usadas, revela um trabalho publicado ontem na revista científica Nature. Os investigadores Cong Zhang e Ana Maria Cuervo, do Albert Einstein College of Medicine, Nova Iorque, demonstraram que o fígado de ratinhos velhos, alterado geneticamente, pode funcionar tão bem como o de indivíduos muito mais jovens, graças à restauração da capacidade de o órgão eliminar os desperdícios de proteínas, cuja acumulação pode tornar-se tóxica. Para verificar se esta boa eliminação das proteínas se traduziria num melhor funcionamento do fígado como um todo, os cientistas injectaram um relaxante muscular em ratos velhos transgénicos, já que uma das funções-chave deste órgão é o metabolismo das substâncias químicas. Descobriram que estes ratos velhos transgénicos metabolizaram muito mais rapidamente o produto que os ratos velhos normais. Para Cuervo, o estudo mostra bem que a acumulação de proteínas desempenha um papel no envelhecimento dos órgãos e "é possível corrigir" este defeito de eliminação, ajudando, talvez "a gozar de uma velhice em boa saúde". A investigadora vai actualmente testar este método em animais doentes com problemas equivalentes às doenças de Alzheimer, de Parkinson e outras doenças neurodegenerativas, para ver se uma boa eliminação das proteínas anormais no cérebro é susceptível de ajudar no tratamento e evitar o aparecimento dos sintomas. O sistema de depuração das proteínas estudado por estes investigadores associa proteínas, chamadas 'chaperones', que transportam as proteínas danificadas até pequenos sacos cheios de enzimas, os lisosomas, nas células. A proteína 'chaperone' une a sua carga a um receptor na superfície do saco, que digere rapidamente a proteína graças às suas enzimas. Anteriormente, estes investigadores tinham constatado, durante o envelhecimento do animal, que a diminuição das moléculas-receptor na superfície destes pequenos sacos era acompanhada de uma pior eliminação das proteínas. Introduziram um gene em ratos para que produzissem mais moléculas de forma a receber as cargas de proteínas a destruir. O gene introduzido unicamente no fígado foi despertado através de uma mudança na alimentação quando os ratos atingiram seis meses, altura em que o seu sistema de eliminação das proteínas 'chaperones' começa a declinar. Em resultado disso, dos 22 aos 26 meses, que correspondem a cerca de 80 anos no Homem, estes veneráveis ratos reencontraram o fígado da sua juventude."

in Ciência Hoje

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