Praxe em Medicina quer angariar dadores de medula óssea

"Se tudo correr bem, dia 1 de Outubro à tarde, os alunos do primeiro ano da Faculdade de Medicina de Lisboa vão andar pelo Rossio a angariar dadores de medula óssea. É a praxe aos caloiros, que os alunos do 6º ano fazem questão de promover e gostariam de ver repetida por outras faculdades.A actividade está a ser programada para que nada falhe e os caloiros vão ter previamente uma aula para compreenderem o que é a leucemia, a importância de haver dadores e como é que se faz a abordagem. No Rossio, vai haver uma tenda para que se possa fazer imediatamente o teste de sangue e não se percam pessoas no procedimento que vai desde o “sim, quero ser dador” até à finalização.“A ideia já vem de trás, a partir do segundo ano sempre pensámos que seria útil fazer uma praxe que fosse mais do que uma recepção ao caloiro e tivesse um carácter cívico e social. Presumo que [angariar dadores de medula] seja do agrado de todos”, disse ao PÚBLICO Diogo Martins, estudante do 6.º ano da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.O finalista faz parte do grupo de alunos que está a organizar a praxe. Este é o primeiro ano que se implementa uma actividade com este cariz. Não se prevê atingir qualquer número de dadores, "mas o que vier vem por bem", até porque parte do objectivo é "promover o civismo e a solidariedade", que são aspectos importantes para quem vai praticar medicina. A ideia foi “extremamente bem aceite por todos os órgãos, eu sei que as associações de estudantes têm actividades sociais parecidas, mas nunca ninguém se lembrou de as integrar na praxe”, explica o finalista.Contudo, os alunos que chegam pela primeira vez à Faculdade vão continuar a viver todas as actividades tradicionais. “Vai haver pinturas, cânticos, jantares, pedipapers por Lisboa”, diz Diogo Martins, que vê na praxe uma óptima forma de integrar os alunos e apresentar a cidade a quem vem de fora.Esta angariação de medula também é uma tentativa de mudança de mentalidade para quem olha para as praxes como uma forma de humilhar. Diogo Martins ficaria feliz se “a mensagem fosse bem recebida pelas outras faculdades e se tornasse num hábito”.Na semana passada o ministro da Ciência e do Ensino Superior, José Mariano Gago, anunciou que será dado conhecimento ao Ministério Público de qualquer "prática de ilícito" nas praxes. E que vai responsabilizar quem não evitar danos que venham a ocorrer. Apesar de em Lisboa não haver uma grande tradição de praxe e nunca ter assistido a algo que fosse considerado humilhante, Diogo Martins tem dúvidas sobre os resultados desta ameaça: “Não sei até que ponto é que se consegue responsabilizar as pessoas".

Sem comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...