A leucemia mielóide crónica pode ser curada com medicamentos, de acordo com uma investigação internacional que envolveu um cientista português. A conclusão de que o transplante de medula não é a única cura para esta doença surge através de um modelo matemático.
O investigador Jorge Pacheco, do Departamento de Matemática e Aplicações da Universidade do Minho, explica, em declarações à Lusa, que os doentes que tomem as substâncias activas imatinib, dasatinib ou nilotinib desde o diagnóstico de leucemia mielóide crónica «podem atingir a cura, ao contrário do que se pensava».
«Isto significa que, por exemplo, pode haver doentes que neste momento tomem o medicamento e que poderiam parar, pois já não precisam dele», justifica.
Esta investigação pode levar a uma «mudança de paradigma na forma como a doença é encarada e tratada, uma vez que a única alternativa admitida hoje em dia como susceptível de proporcionar uma cura - mas que não é 100 por cento segura e envolve previamente rádio e/ou quimioterapias - é um transplante de medula óssea».
A conclusão foi possível através de um modelo matemático usado para «descrever várias doenças do foro hematológico». O investigador explica que um «modelo matemático não é mais do que uma caricatura dessa mesma realidade (complexa) feita à custa de equações e números».
«Mas, quando a caricatura é boa, ela, por vezes, oferece-nos uma perspectiva nova sobre a realidade, e aí todo o poder da matemática emerge, dado que tudo o que deriva do modelo não é mais do que uma consequência lógica daquilo que deu origem à caricatura», resume.
Jorge Pacheco tem tentado descrever matematicamente problemas como doenças do sangue, transmissão de doenças contagiosas e de cooperação social entre indivíduos.
Artigo original em: diário.iol
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