Uma vez limpo, o sangue é reintroduzido no organismo sem que a sua composição seja modificada
16 de setembro de 2014 - 10h33
Cientistas norte-americanos anunciaram ter inventado um
dispositivo capaz de extrair bactérias, fungos e toxinas do sangue
através de um íman, uma descoberta que abre novas perspetivas de
tratamento para doenças infeciosas como o ébola.
O dispositivo, que apenas foi testado em ratos, usa esferas
magnéticas nanoscópicas (menos de um milésimo de milímetro) cobertas com
uma proteína de sangue humano criada geneticamente, a MBL.
A proteína MBL liga-se aos agentes patogénicos e às toxinas, que
podem ser extraídas do sangue através de nanopartículas magnéticas.
Uma vez limpo, o sangue é reintroduzido no organismo sem que a sua composição ou coagulação sejam modificadas.
A invenção destina-se a tratar as infeções do sangue, que afetam
anualmente 18 milhões de pessoas em todo o mundo, com uma taxa de
mortalidade de 30 a 50 por cento.
Os micróbios na origem destas doenças são frequentemente resistentes aos antibióticos.
Se o aparelho se revelar eficaz nos testes em humanos poderá
permitir "limpar fisicamente o sangue, retirando uma grande variedade de
agentes patogénicos ou toxinas", disse Donald Ingber, um dos autores da
investigação, publicada na revista Nature Medicine.
O cientista acrescentou que o tratamento poderia ser realizado
"mesmo antes de o agente patogénico ser formalmente identificado e de o
tratamento com a antibiótico ideal ser escolhido".
O investigador admitiu ainda a possibilidade de um dia o
dispositivo "ser útil" no tratamento do ébola, na medida em que a
proteína MBL é capaz de se ligar com o vírus na origem desta febre
hemorrágica.
A proteína poderia ainda ligar-se ao VIH, o vírus da Sida, e ao
vírus de Marburgo, na origem de uma outra febre hemorrágica muito
semelhante ao ébola.
Durante a investigação, os cientistas infetaram ratos com duas
bactérias - a staphylococcus aureus e a escherichia coli - e conseguiram
retirar 90 por cento das bactérias com esta invenção.
Ingber reconheceu que ainda serão necessários vários anos de
experiências com animais maiores e com humanos, antes que o aparelho
possa ser aprovado.
Por Lusa
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