Dadores não cobrem subida de 10% no consumo de sangue

Número de doações em jovens está a subir, mas as necessidades também



Nos últimos dois anos, as necessidades de sangue em Portugal subiram, em média, 10% ao ano. O número, avançado ao DN por Maria Helena Gonçalves, directora do Centro Regional de Sangue de Coimbra, deverá continuar a crescer no futuro. Isto porque a população está cada vez mais envelhecida, sujeita-se a mais cirurgias e tratamentos, e tem tendência para ter mais problemas de saúde.


"A população está mais velha e há doenças diagnosticadas que implicam intervenções e que antes, se calhar, não se faziam", explica a responsável do maior centro de colheitas do País. Por exemplo, em 2009, só nos Hospitais da Universidade de Coimbra foram consumidas, em média, 73 unidades de sangue por dia.


"Há mais doenças malignas, tratamentos mais agressivos e que precisam de suporte transfusional mais intenso", acrescenta Graça de Deus, directora do Serviço de Imuno-Hemoterapia do Hospital de S. José , do Centro Hospitalar de Lisboa Central. A isto, juntam-se as necessidades de sangue para os politraumatizados, que sofrem acidentes, e consomem parte das reservas do Instituto Português do Sangue (IPS) e dos hospitais.


No geral, as dádivas de sangue também subiram, embora haja zonas do País, como a região de Lisboa e Vale do Tejo, onde há sempre grandes carências. Em 2009, o IPS fixou um objectivo estratégico de aumentar em 5% o número de dádivas de pessoas entre os 18 e os 30 anos, para renovar a base de dadores, onde a média etária ronda os 40 anos. "Esse número foi largamente suplantado. Só em Coimbra, aumentámos em 30% os dadores que dão sangue pela primeira vez", afirmou Maria Helena Gonçalves. Campanhas de esclarecimento nas escolas e universidades explicam esta maior adesão.


No total, o maior centro de colheitas tem agora 119 351 dadores, mais 14 mil do que em 2008. No resto do País, a subida não foi tão expressiva, mas como a gestão dos três centros (Lisboa, Coimbra e Porto) é conjunta, uns acabam por colmatar as carências dos outros.


Graça de Deus, do Hospital de São José, não tem uma percepção tão positiva da realidade dos dadores. Hoje, são feitas cerca de 20 dádivas por dia. Mas o número já foi de 40 e 50. "Não foi uma redução abrupta, é um fenómeno que assistimos ao longo dos anos", disse. Contudo, mesmo as carências graves não têm condicionado as intervenções clínicas. "Pode ocorrer num período ao longo do ano, mas não é recorrente."


Outro problema, diz Maria Helena Gonçalves, é a existência de mais restrições nas doações: uso de medicação, tensão alta, epilepsia, doenças, exposição à malária ou falta de peso.

Artigo original em: DN Portugal

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