Multiplicação de células do cordão umbilical ajuda nos transplantes de medula óssea

Método permite multiplicar 164 vezes a quantidade de células de um só cordão.

Já há muito se sabe que as células do cordão umbilical são um bom material para tratar os doentes com leucemia. No entanto, a pequena quantidade não é suficiente e normalmente é necessário transplantar unidades de dois cordões umbilicais diferentes para apenas um paciente ter êxito.



Uma nova investigação publicada na revista “Nature Medicine” demonstrou que é possível multiplicar as células do cordão umbilical em laboratório, em vez de injecta-las, para que o transplante funcione.


Tal como ocorre no tradicional transplante de medula, as células mãe de um cordão umbilical de dador compatível servem para regenerar a medula óssea dos pacientes com leucemia e outros tumores hematológicos.

Inicialmente, a quimioterapia limpa todas as células malignas e posteriormente o sangue umbilical do dador é encarregado de a ‘repovoar’ de novo.



O problema existe quando as células mãe que se injectam não são suficientes e demoram demasiado tempo a gerar novas células sanguíneas limpas de cancro. Quando isto acontece o paciente fica várias semanas com uma medula óssea a ‘meio gás’ e susceptível a infecções, ejecção ou mesmo a morte.


Até agora, este problema resolvia-se combinando células de dois cordões diferentes. Porém, os cientistas do centro Fred Hutchinson de Seattle, nos Estados Unidos, encontraram um modo de expandir as células, para obter uma só quantidade de células mãe.


Segundo explica a equipa de Collen Delaney, o seu método de engenharia celular (através de uma via de sinais denominada Notch) conseguiu multiplicar por 164 a quantidade de células mãe de um só cordão e, num pequeno ensaio clínico, injectá-las com êxito em dez pacientes com leucemia.


Compatibilidade eficaz

30 por cento dos pacientes não têm dador compatível

Delaney explica que se um cordão tem algo menos de 200 mil células progenitoras por cada quilo de peso do receptor, é possível elevar esta cifra ate aos seis milhões de células, que se assemelha mais a outras fontes celulares, como a medula óssea ou aos chamados progenitores hematopoéticos.


Com o cordão umbilical não é necessária uma compatibilidade tão exacta entre dador e receptor como as células procedentes da medula, sendo uma boa opção quando não aparece uma medula totalmente compatível.


Calcula-se que 30 por cento dos pacientes que necessitam de transplante não dispõem de um dador compatível nos bancos públicos de todo o mundo, um problema que ascende aos 95 por cento no caso das minorias étnicas.


Manipulação segura


Foi demonstrado num primeiro estudo com dez pacientes com leucemia (entre os três e os 43 anos) que a manipulação é segura; contudo ainda é necessário esperar pelos resultados de investigações mais amplas para poder aplicar a multiplicação a grande escala.


Se num transplante regular a substituição com células limpas da medula óssea do paciente demora três a quatro semanas, com as células expandidas o mesmo objectivo cumpriu-se em apenas 14 dias.


As provas realizadas demonstraram que os glóbulos brancos que se regeneravam são fruto das células mãe expandidas. Sete dos pacientes continuam vivos e sem rasto de leucemia.

Artigo originel em: Ciência Hoje

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